Ela nunca imaginou que aquela quinta-feira seria diferente de tantas outras que já tinha vivido. Ela estava redondamente enganada, aquela quinta-feira, quente para o início de julho, era o dia que mudaria sua vida. Naquele dia Ela conheceu Ele.
Ela, já tão desacreditada do amor, achou que Ele seria só mais um, que entraria e sairia tão rápido de sua vida quanto o carteiro entra no hall de seu prédio pra entregar as cartas. Mais uma vez ela estava redondamente enganada. Num piscar de olhos Ele se transformou em algo que ela nunca conhecera antes. Ela não sabia explicar, ele tampouco.
Ela, então, vivia uma história completamente nova, apesar de pensar que já conhecia o amor, que já sabia como viver sua dor e delícia e como escapar de suas armadilhas. Ela, pela terceira vez, estava redondamente enganada. Ela amou pela primeira vez e aquilo foi forte demais. Ela se perdeu no caminho.
Ela achou que aquele sentimento imenso que tinha, aquele amor gigante dentro do peito, duraria para sempre. Então, pela quarta vez... Ah, não! Dessa vez ela não estava redondamente enganada. Um amor forte assim dura para sempre. O que não durou foi a história deles dois. Ela ficou cega, tornou-se destrutiva e totalmente incoerente. Encheu-se de razão e não pode enxergar que seu amor não era o único. Existia o amor dele, que ela parecia ignorar. E eles separaram-se.
Ela um dia recebeu uma carta dizendo:
'Qual é a sensação de estar nesses braços?
Como é realmente ser amado?
Eu estive sozinho até agora, mas por quanto tempo?
Você alguma vez amou como eu?
Eu frequentemente tenho pensado
em quem poderia te amar do jeito que eu te amo.
Eu só queria que você saiba
o quanto eu entro em contato com a minha alma
quando eu estou ao seu lado.
Eu preciso de você cada dia mais.
Amor, me ligue quando você LER isso!'
...
Ela leu rapidamente a carta, como de costume faz todas as coisas tamanha sua ansiedade, deve até ter passado por cima de algumas outras linhas que estavam lá. Tinha mais coisa na carta, lindas palavras, tocantes, profundas. Ela leu, e não LEU como Ele queria. Ela leu, e entendeu que aquilo era sinal de que Ele sofria também e que talvez quisesse uma reconciliação e que Ela deveria entrar em contato o quanto antes. Agora sim ela estava redondamente enganada pela quarta vez.
Ela foi imatura, previsível e imediatista. Vocês até podem duvidar da inteligência dela, mas quem não se torna um pouco estúpido quando se trata de amor, principalmente se você está longe do seu? A distância e o tempo machucam, e machucaram Ela. Mas a dor nos transforma e, de repente, essa dor transformadora fez Ela estar, pela primeira vez, redondamente certa.
Ela voltou a ler a carta, várias e várias vezes aquelas belas linhas, saboreando cada letra, cada vírgula, cada ponto final. E, finalmente, Ela pode entender: o amor dela não é o único, não é o maior, a dor dela não é a que mais dói. Ele também ama, em igual teor e forma. Ele a ama profundamente e sofre por Ela não perceber isso, e sofre por ter que estar separado. Ele ama o seu jeito e seus defeitos, seus sorrisos e seus tropeços. Ama, e ama muito.
Ela finalmente LEU a carta e entendeu que o amor só precisa de uma pessoa pra existir, mas de duas pra se concretizar. Ela precisa aceitar esse amor que vem dele, confiar nesse amor puro, viver esse amor que Ele tem pra dar, assim como ela quer que Ele receba e acredite no amor dela. Aí sim, aí ela deve ligar e eles viverão felizes para sempre.
Com a colaboração de In Anexo
SERIA MTO FÁCIL SE TODOS VISSEM ASSIM,,,
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