Hoje pela manhã fui ao dentista para uma consulta de rotina. Radiografias, limpeza, olha daqui, olha dali, hum, ah, hum, muito bem. No final da história, nenhuma cárie, dentes mais brancos e livres de placa e tártaro. Ao sair do consultório, estarei livre por pelo menos mais 6 meses, mas não antes de ouvir que 'você tem umas restaurações antigas que estão feias e breve teremos que trocá-las'. Aí que mora o perigo.
Se tem uma coisa que eu nunca gostei foi remexer em feridas fechadas, sejam elas cáries ou dores de amor. Porque fazer sangrar de novo algo que já doeu tanto? Não consigo ver a razão, por isso não gosto de deixar pra depois, gosto do agora, de fuçar enquanto há sangue, enquanto há carne viva e dor pulsante. Uns dizem que é sadismo meu, outros que é puro egoísmo e ansiedade, que eu não consigo esperar e tudo deve ser sempre do meu jeito. Eu enxergo como praticidade.
A ferida está feia, hemorrágica, delicada e tudo pode se romper. Ok, então podemos esperar um pouco. Vamos refletir sobre o que fazer mas não vamos esperar cicatrizar, porque senão é masoquismo! E outra, se esperar demais a gente vai até ter medo ou preguiça de mexer naquela cicatriz, mesmo que ela seja um daqueles quelóides enormes, feios, que vão estar ali à mostra pra sempre, fazendo-nos lembrar do que o trouxe.
Enfim, eu não gosto de arrancar casca de ferida e tampouco vou gostar de retirar as resinas dos meus dentes. São velhas mas protegem meus nervos, e não os quero expostos pois já tenho coisa demais exposta por esses dias: um músculo cardíaco a céu aberto, doendo e ferido. Por enquanto, quero só resolver o que está aberto, enquanto ainda está aberto.
PS.: No fim da consulta recebi uma amostra grátis de Sensodyne Alívio Rápido, que vai ser muito útil para a sensibilidade dos meus dentes mas de nada vai adiantar pro meu coração sensível.