quinta-feira, 31 de março de 2011

Casca de Ferida

Hoje pela manhã fui ao dentista para uma consulta de rotina. Radiografias, limpeza, olha daqui, olha dali, hum, ah, hum, muito bem. No final da história, nenhuma cárie, dentes mais brancos e livres de placa e tártaro. Ao sair do consultório, estarei livre por pelo menos mais 6 meses, mas não antes de ouvir que 'você tem umas restaurações antigas que estão feias e breve teremos que trocá-las'. Aí que mora o perigo.

Se tem uma coisa que eu nunca gostei foi remexer em feridas fechadas, sejam elas cáries ou dores de amor. Porque fazer sangrar de novo algo que já doeu tanto? Não consigo ver a razão, por isso não gosto de deixar pra depois, gosto do agora, de fuçar enquanto há sangue, enquanto há carne viva e dor pulsante. Uns dizem que é sadismo meu, outros que é puro egoísmo e ansiedade, que eu não consigo esperar e tudo deve ser sempre do meu jeito. Eu enxergo como praticidade.

A ferida está feia, hemorrágica, delicada e tudo pode se romper. Ok, então podemos esperar um pouco. Vamos refletir sobre o que fazer mas não vamos esperar cicatrizar, porque senão é masoquismo! E outra, se esperar demais a gente vai até ter medo ou preguiça de mexer naquela cicatriz, mesmo que ela seja um daqueles quelóides enormes, feios, que vão estar ali à mostra pra sempre, fazendo-nos lembrar do que o trouxe.

Enfim, eu não gosto de arrancar casca de ferida e tampouco vou gostar de retirar as resinas dos meus dentes. São velhas mas protegem meus nervos, e não os quero expostos pois já tenho coisa demais exposta por esses dias: um músculo cardíaco a céu aberto, doendo e ferido. Por enquanto, quero só resolver o que está aberto, enquanto ainda está aberto.

PS.: No fim da consulta recebi uma amostra grátis de Sensodyne Alívio Rápido, que vai ser muito útil para a sensibilidade dos meus dentes mas de nada vai adiantar pro meu coração sensível.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Quando não há mais nada a fazer

É longa a espera por algo que, sabe-se, não vai chegar. É longa e dolorosa a espera quando você sabe que não há nada que possa fazer a não ser esperar. Falam por aí que quem espera cansa, mas não é bem assim. Quem espera por algo que não vai chegar sofre, se maltrata, é corroído pela ansiedade. Mas ainda assim espera. Espera ao telefone por uma ligação que não vai receber. Espera por um e-mail que não vai entrar, por uma carta que o carteiro não vai trazer, por um sinal de fumaça que ninguém vai emitir. E ainda assim espera.

O coração, dizem, é um músculo. Já eu acredito ser uma máquina de criar esperanças, e esperanças tão fortes que perduram mesmo quando a razão, menos potente mas mais sábia, diz: GAME OVER! A espera continua, continua por que esse maldito coração faz bem, faz muito bem aquilo que ele é programado pra fazer. As esperanças são como as caixas pretas dos aviões.

Eu pouco sei do resto das pessoas no mundo, mas eu sempre fui esperançoso, e posso dizer, portanto, que meu coração funciona muito bem. Então, é melhor vocês irem tomar um café ou procurar algo melhor pra fazer, porque eu tenho algo muito importante a esperar. Muito importante e que não vai chegar. Mas vou ficar aqui, esperando.

When Enough is Enough?

Quantas vezes pensamos que estamos insistindo num erro, e que isso não nos levará longe? Pode ser um emprego, pode ser um projeto ou um relacionamento. Muitas vezes existe tanta dor, tantas coisas que não nos agradam, que chegamos a duvidar da nossa inteligência por continuarmos tentando fazer funcionar uma coisa que simplesmente não funciona. Nos sentimos como quem compra o AB Toner ou o Elyseé Belt, ou qualquer uma dessas tranqueiras de ginástica passiva: uns tolos. Não vai funcionar.

Mas, e se o emprego, esse projeto ou esse relacionamento forem o sonho de toda uma vida? E soubermos que ali pode morar - e mora! - nossa felicidade? E se ali tivermos um Super Juicy Maker Walitta potente e eficiente, mas com milhões de complicadas peças que só não estamos conseguindo fazer funcionar porque exige muito e nós queremos o que é fácil? Cansa ler manual, é chato. Melhor então comprar pronto. Mas o suco de caixinha não é seu sonho, nem perto dele, e sim o suco multivitaminado feito em casa que é! Será que não vale a pena aprender o funcionamento daquela máquina? Não vale a pena insistir?

Eu me pergunto sempre: quando o bastante é o bastante? Quando é a hora de parar de insitir? Quando eu não quero mais tentar? Acho que cada um tem seu limite, mas o que posso afirmar é que, enquanto existir o sonho, houver paixão e, acima de tudo, o sentimento dentro do seu peito for tão forte que você mesmo cansado ainda sente que deveria continuar, ainda não é o bastante. Pare de reclamar, junte todas as peças do seu processador e mãos à obra! Vá ser feliz, vai valer a pena.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Primeira Vez

Quantas primeiras vezes temos durante a vida? Incontáveis. Primeira vez na escola, primeira vez no sexo, primeira vez na Europa. Nada como uma primeira vez, nada é igual como na primeira vez. Tem coisas que continuam boas na segunda, na terceira vez, e tem coisas que são tão boas que cada vez parece a primeira vez. Mas nem só de coisas boas são feitas as primeiras vezes: primeira vez que seu cheque é devolvido, que o seu carro é roubado, primeira vez que uma cirurgia é necessária. 

O fato é que, a primeira vez a gente nunca esquece. E eu tenho certeza de que a primeira vez que eu sofri por amor, eu jamais vou esquecer. 

Eu que pensei que já havia sofrido muito por amor por ser um homem tão passional, não sabia de nada. Não sabia que a dor da saudade corta, aperta, maltrata, machuca. Não sabia que distância dos corpos sufoca mais que um saco plástico na cabeça. Não sabia que a dor anda de montanha-russa dentro do nosso coração: dói, dói muito, dói, dói muuuuuuuuito. Quando chega no looping, a gente quase se arrebenta. Eu não sabia o quanto doía, até sofrer pela primeira vez. Mas o que eu não sabia mesmo é que essa não era a primeira vez que eu sofria por amor, era a primeira vez que eu amava de verdade.

domingo, 27 de março de 2011

Quem escreve esse blog?

Quem explica quem sou eu? Um turista nesse mundo, curioso e sedento por descobertas. Alguém que quer ver o novo, ou o velho através de novos olhos, de um novo olhar. Aquele que quer entender o mundo mas sabe que não vai, vai no máximo tirar algumas dúvidas porque o tempo é curto.
Um gaúcho radicado em Curitiba, radical às vezes, manso quase sempre. Alguém que descobriu que veio a passeio nesse mundo, veio aproveitar o que esse mundo tem de melhor: o ser humano! Um homem que achava que nunca cresceria, mas que, enfim, cresceu! Não mais um menino, um homem. Trabalha com a razão, mas vive com emoção.
Trabalha com química, estuda design, se expressa com letras, muitas letras. É ambíguo, difícil de ler. Mas não é impossível. Alguém que não sabia o que queria, mas agora sabe. Quer respostas!