Eis que acordo meio desanimado, chateado, pensando em quão injusta a madrasta vida está sendo comigo. Quero relaxar e espairecer assistindo algum desses programas matinais que ensinam a fazer bolo de ricota ou a emagrecer com farinha de jaboticaba verde. Enfim, não quero complicação pro meu lado. Ligo a televisão e qual não é a minha surpresa quando, ao invés de uma loira e um papagaio, eu vejo repórteres, sangue, dor e muita violência. Realmente, a madrasta, que não é só minha, começou cedo seu expediente.
O que se passa pela cabeça de um jovem de 24 anos que resolve acabar com sua vida, mas não sem antes levar embora o futuro de 12 crianças? Nunca saberemos. O que sabemos é o que fica: a dor. Impossível não se comover com a mãe desesperada em frente a escola do filho querendo saber se o menino que ela cuida há 14 anos, que ama mais do que a si mesma, está vivo ou morto dentro da sala de aula pra onde veio cedo de manhã aprender a ser um homem melhor. Eu chorei. Chorei muito por ela e com ela. Que pavor a dúvida.
A gente sempre acha que essas coisas não acontecem pelos lados de cá, esses massacres são coisas dos Estados Unidos e seus lunáticos. ' - Aqui não'. Mas aconteceu no Rio, aconteceu no Rio e poderia ter acontecido em Porto Alegre ou Fortaleza. A violência é vizinha de todos, ela paga IPTU caro também, não se enganem. O que fica pra mim é a certeza de que ninguém está livre de chegar ao ponto final precocemente e a única maneira de mudarmos esse cenário é desenvolvermos em nossas crianças - e em todos nós! - uma consciência coletiva de respeito e humanidade, de família, de respeito à vida, seja ela madrasta ou mãe carinhosa. E isso é urgente, ou aquela mãe não será a única a sofrer em frente às câmeras. Todos nós acabaremos compartilhando um dia dessa dor, que é a dor que dói mais. A dor da saudade de quem nos deixou muito antes da hora.
o q falta e educação, principio e valores!!!
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